Nos meus mais de 15 anos de experiências na vida acadêmica universitária, tenho encontrado muitos “agentes secretos de Deus” dentro das universidades, os verdadeiros “007”, explico:
Pessoas que quando estão em suas igrejas ou meio religioso, cantam, pulam, dançam e dizem amar Jesus, ser apaixonadas por Ele etc, mas bastam iniciar suas vidas acadêmicas que se camuflam, como um camaleão espiritual viram “mais do mesmo”, se misturam de tal modo com os colegas da academia do pensamento, que deixam de refletir o diferencial da presença de Deus em suas vidas. Nada nele deixa transparecer se tratar de um cristão, nem sua fala, suas roupas, o modo de proceder com os colegas e professores, e muito menos o desejo de pregar a palavra ali naquele ambiente espiritual hostil.
É claro, não somos radicais ou extremistas ao ponto de pensarmos que devemos nos isolar dos colegas, ou não fazer novos amigos, muito pelo contrário, acredito que precisamos alargar as nossas fronteiras de influência, abraçar novas pessoas, ampliar a nossa visão, conversar com o oposto da nossa fé para o entendermos e esclarecê-lo, mas é possível fazermos isso tudo sem perdermos o reflexo da imagem de Cristo em nós ou deixarmos de refletir o verdadeiro cristianismo no carente mundo espiritual universitário.
Às vezes fico pensando: Se Jesus fosse universitário no dia de hoje, que tipo de aluno Ele seria? Um CDF? Sentaria no fundão ou nas primeiras carteiras? Como seria as notas de Jesus? Bom, uma coisa tenho certeza: Ele estaria sempre servindo os colegas, ajudando nos estudos, acalmando os grupinhos, dizendo que ia dar tudo certo.
Por mais boba que pareça a pergunta acima, a conclusão é: Ele está lá. Ele não usa cadernos, mas vai à faculdade, assim como vai à igreja, porque a promessa é que “onde estivermos, Ele estaria”. O problema é que muitos não conseguem identificá-lo, e por isso não se identificam como agentes do Mestre, não agem como tais, e por vezes, se envergonham de serem chamados de crentes.
Me pergunto qual seria a razão de muitos evangélicos se esconderem nas universidades? Seria talvez o medo de debates de temas polêmicos em sala? o receio de ter que orar por alguém nos corredores, vergonha dos escândalos das igrejas ou mesmo de serem confrontados sobre suas atitudes anticristãs?
Me lembro que em minha época de graduação, éramos responsáveis por reuniões semanais espirituais no pátio da faculdade, e foram muitas vezes que observamos cristãos passarem por nós como se fôssemos um grupo de estranhos, que falavam de coisas estranhas, completamente desconhecidos, e ao invés de trazer colegas para ouvir a palavra, os acompanhavam para os barzinhos, lanchonetes ou outros ambientes.
Já no magistério superior, me deparo com muitas situações em que os alunos só se identificavam como cristãos quando nos encontramos em suas igrejas ou redutos familiares. E estas práticas de camuflagem continuam, e às vezes até aumentam a cada dia.
Por medo do politicamente incorreto muitos cristãos deixam de se posicionarem em debates universitários (não confundam isso com ser intolerantes, mas saber mostrar, com sabedoria, o que a Bíblia diz, ou porquê do seu princípio cristão); Por medo de precisarem dar explicações bíblicas que desconhecem, outros preferem “deixar quieto”, não se envolverem.
Fico imaginando o Apóstolo Paulo nesse ambiente, gritaria no pátio na hora do intervalo: “Não me envergonho do evangelho, pois é poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê!”
Deus não precisa de agentes infiltrados, secretos, que não podem se mostrar como sua imagem em público, seja na igreja, no trabalho ou nos centros universitários. Deus precisa de pessoas que testemunhe seu nome, que faça o que Jesus faria se estivesse na mesma sala que eu ou você, gente que seja luz em meio ao mundo de trevas universitárias, onde impera potestades de prostituição, álcool e banalização os princípios da palavra de Deus.
Seja luz, seja sal, apareça como tal.
Pr. Marciano Rogério da Silva
Pastor Presidente da Igreja Ass. de Deus em Teófilo Otoni/MG
Advogado; Professor Universitário; Mestre em Ciências da Religião;
Doutorando pela Unisinos/RS.