A Força de Sansão e a Fraqueza de Paulo

A Força de Sansão e a Fraqueza de Paulo

Por: Matheus Messias

Outro dia meditando na segunda carta do apóstolo Paulo aos Coríntios me deparei com aquele famoso versículo em que ele diz: “Por isso, por amor de Cristo, regozijo-me nas fraquezas, nos insultos, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias. Pois, quando sou fraco, é que sou forte.” (Capítulo 12, versículo 10 ARC). Sendo um aluno de escola dominical desde criancinha, essa última palavra “forte” automaticamente me remete a outro personagem bíblico da antiguidade: Sansão.

Sansão teve uma vida completamente diferente a de Paulo pós-conversão. Nunca precisou do favor de ninguém, foi sempre respeitado por todos, tudo graças à força física, dom de Deus em sua vida. Mas por conta de sua força, Sansão se tornou um homem orgulhoso e arrogante. Desde seu nascimento Sansão foi separado para o nazirado, e dentre as responsabilidades do voto de um nazireu estavam: não tocar em cadáveres, quer de homens, quer de animais; não beber vinho, não se envolver com mulheres estrangeiras, e por fim, mas não menos importante, não cortar seu cabelo. Sansão, em sua força e orgulho conseguiu quebrar cada um dos seus votos, sendo a derradeira a mais famosa, em que sua mulher estrangeira, Dalila, o traiu.

 Breve pausa para uma reflexão aqui.

Deus abomina o orgulho. No livro do profeta Oseias, capítulo 14, versículo 9, lemos: “Efraim dirá: ‘Que mais tenho eu com os ídolos? Eu o tenho ouvido e isso considerarei; eu sou como a faia verde; de mim é achado o teu fruto’”. A palavra “Efraim” significa frutífero, foi Deus quem os nomeou assim, mas a tribo começou a pensar que eles eram a fonte da própria frutificação. Mas Deus diz “Não! Eu sou a fonte da sua frutificação, de mim vem o seu fruto”. Deus abomina o orgulho por que todo o progresso e força e fruto não vem de ninguém senão dele. É ele quem os carrega na vida do crente, ele é a videira e nós somos os seus galhos. Quanto mais nós temos, mais estamos em débito com Deus e não deveríamos nos gloriar daquilo que nos faz devedores, não é mesmo?

Enquanto você continuar confiando na sua própria força e seus próprios méritos você estará roubando toda a gloria e poder de Deus da sua vida.

Esse foi o erro fatal de Sansão. Toda a força e glória que Sansão tinha não vinham dele mesmo, vinham de Deus, mas ele ignorou isso e foi orgulhoso. Como conseqüência do seu pecado, Sansão perdeu toda a sua força, foi amarrado pelos filisteus, teve seus olhos furados e foi submetido à vergonha trabalhando em um moinho, sendo a causa de zombaria deles. Vemos assim que por conta de seu orgulho, Sansão, apesar de ser forte fisicamente, era um homem fraco.

É por isso que muitas vezes Deus vai frustrar os seus planos, não deixar que você cresça no ministério, profissionalmente ou ganhe muita atenção em qualquer outra área da sua vida. Ele sabe até onde você pode suportar tudo isso, por que, enquanto você continuar confiando na sua própria força e seus próprios méritos você estará roubando toda a gloria e poder de Deus da sua vida.

Voltemos a vida de Paulo e, agora, podemos ver ainda mais clara a beleza de suas palavras. Que contradição preciosa! De um lado vemos a força de Sansão que o levou à destruição, mas do outro temos a fraqueza de Paulo que glorificava a Deus. Paulo, que, quando Saulo, era forte, e o que fazia na sua força? Derramava sangue inocente em nome de Deus, perseguia os cristãos, perseguia os apóstolos e dessa maneira perseguia o próprio Cristo e dessa maneira não glorificava a Deus. Mas na estrada de damasco a graça de Deus o alcançou. Aquele que era forte se tornou fraco, aquele que era perseguidor, se tornou perseguido. Foi açoitado, preso, golpeado com varas, teve fome, sede, passou frio e por nudez, foi, inclusive, apedrejado até acharem que estava morto. Mas ele disse que na sua fraqueza ele se gloriava, por que era assim que o poder de Deus se manifestava na sua vida.

Paulo foi um homem muito usado por Deus, mas continuava sendo só um homem, propenso a erros como orgulho, mas Deus amava Paulo demais pra deixar isso acontecer, então Paulo diz: “E, para que me não exaltasse pelas excelências das revelações, foi-me dado um espinho na carne”. Muitos teólogos especulam o que seria esse espinho na carne, se era uma dor física ou tribulações espirituais, isso não nos importa, o que nos importa é que era uma situação enviada por satanás, mas usada por Deus, para que ele não se exaltasse, mas mantivesse sua humildade e a sua dependência total em Cristo, por que, somente assim, ele era glorificado na vida de Paulo e nas nossas, quando somos satisfeitos somente nEle.

Nas palavras de Paulo: “Pelo que sinto prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias, por amor de Cristo. Porque, quando estou fraco, então, sou forte”. É como se ele estivesse dizendo “Se a força de Deus é demonstrada na minha fraqueza então que eu seja fraco, para que ele apareça cada vez mais e eu seja conformado à imagem dEle”

Podemos nos alegrar sabendo que a poda do nosso mestre em nós, seus ramos, é muito mais preciosa e prazerosa do que qualquer delicia do mundo. Gloriemo-nos nas nossas fraquezas para que cada vez mais ele seja exaltado nas nossas vidas e voltemo-nos completamente a Ele como nosso consolo, força, esperança e glória!

Que o Cordeiro de Deus receba toda a recompensa pelo seu sacrifício! Que Ele cresça e nós diminuamos! Amem!

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