A Grande Comissão (e Motivação)

Foto Globo sobre a Bíblia

Por: Matheus Messias

Marcos 16:15 é com certeza um dos textos mais conhecidos pela comunidade evangélica. Ainda que você não se recorde pela referência, com certeza já ouviu  as palavras “Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura”.

A grande dificuldade de trabalhar em explicar textos muito conhecidos e explorados como esse é que temos a ignorância de acreditar que de tanto ouvirmos já sabemos tudo sobre o que ele quer comunicar e que não precisamos mais voltar a eles para reflexões nunca mais. Ledo engano, principalmente quando se diz respeito ao livro que o Ser mais inteligente do universo escreveu.

Exploremos um pouco mais.

Muitas pessoas têm dúvidas a respeito do destinatário desse mandamento. Jesus estava falando somente aos 11? Somente aos discípulos contemporâneos? Somente aos ministros e pastores? Afinal de contas, para quem é a grande comissão? Com certeza nenhuma das opções anteriores, pois se fosse assim, qualquer outra pessoa que pregasse o evangelho estaria errada ao fazê-lo, eu não sei você, leitor, mas eu não fui evangelizado nem por Pedro nem por Thiago.

Não devemos ter dúvidas quanto à credibilidade do mandamento também. Vemos que Jesus claramente nos dá uma ordem! “Ide” está no imperativo do verbo “ir”, não é um conselho ou uma sugestão, mas sim uma ordem! Ele não nos dá a opção de escolha entre ir ou não ir, então se o compartilhar do evangelho não é um hábito de nossas vidas nós estamos desobedecendo a um mandamento do Senhor e, automaticamente, pecando.

Jonathan Edwards (1703-1758) sustentou certa vez em uma de suas pregações que devemos ler a bíblia como um espelho contra nós mesmos, cada mandamento, cada conselho, cada história deve ser comparado as nossas vidas, “Estou cumprindo essa ordem?” “Estou caindo nesse pecado?”, ou, nesse caso, “Estou pregando o evangelho?”. O destinatário da grande comissão é a Igreja de Cristo, independente de seu tempo na história ou de seu lugar geográfico. Quando eu prego ao meu vizinho, eu estou indo, e quando alguém na China prega ao seu vizinho, ele também está indo, é somente assim que esse mandamento poderá ser cumprido com êxito pela igreja de Jesus.

Nenhum missionário precisará vir a minha cidade para evangelizar se eu fizer isso aos meus conterrâneos, e dessa maneira eu não precisarei me deslocar a qualquer outro lugar onde haja cristãos se eles também cumprirem a ordem de Cristo. Existem exceções onde o evangelho não é conhecido ou é fraco demais e então missionários são bem-vindos, e é dessa maneira que o corpo universal que constitui a igreja pode cumprir o mandamento do seu mestre “Indo por todo o mundo e pregando o evangelho a toda criatura”.

Dito isso gostaria de me voltar agora a um aspecto que acho extremamente importante quanto à evangelização: a motivação.

O relato de Mateus a respeito da grande comissão traz um significado muito interessante a respeito disso, vejamos: “E, chegando-se Jesus, falou-lhes, dizendo: É-me dado todo o poder no céu e na terra. Portanto, ide, ensinai todas as nações, batizando-as em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo.” (Mateus 28:18-19). Jesus não somente lhes dá o “Ide”, mas as últimas palavras dantes são de extrema importância, ele nos revela o porquê nós devemos ir, qual deve ser a nossa motivação. Ele diz “É-me dado todo o poder no céu e na terra. Portanto, ide, ensinai…”

Em outras palavras, o que estou tentando dizer é que a motivação do crente para pregar o evangelho é, em primeiro lugar, que Jesus merece que nós preguemos. Cristo desceu a terra, se despiu de sua glória, abandonou seu lugar de primazia no céu, se humilhou, foi cuspido, escarrado, açoitado, abandonado pelo pai e morto. Mas ele ressuscitou no terceiro dia, foi revestido de glória e foi lhe dado todo o poder no céu e na terra, e agora ele merece a obediência e submissão de cada vida que não serve a ele ainda. O que Jesus nos comunica aqui é que nós não vamos motivados por qualquer coisa, e também nos diz que nós não vamos enviados por qualquer um. Nossa motivação é aumentar a família dAquele que é merecedor e nós iremos ordenados por aquele que é Senhor sobre todas as coisas.

O fato de Jesus ter todo o poder no céu não é somente motivacional, mas também é confortante, Jesus nos mostra através disso que o êxito dessa missão não depende de nós, mas tão somente dele, nós não somos responsáveis pela conversão das pessoas, isso não cabe a nós, não depende de quantos versículos conseguimos memorizar ou de quão convincente nossa oratória é, o poder de transformar o coração de pedra em um coração de carne é tão somente dEle, é ele quem convence o pecador do pecado, da justiça e do juízo. Isso é aliviador! A grande verdade é que Jesus não precisa de nós, os decretos deles serão concretizados, ele disse que todo o joelho se dobrará e toda língua confessará que Ele é Senhor. Jesus está fazendo a obra dEle, Jesus vai ser reconhecido e adorado, e nós não somos os grandes movimentadores ou a causa por trás disso, nós simplesmente somos convidados a fazer parte desse privilégio.

Talvez o grande motivo pelo qual não pregamos o evangelho não seja por que não ouvimos o suficiente sobre nossa missão, mas por que não ouvimos o suficiente sobre o poder e autoridade de Jesus e do quão merecedor ele é dos corações que não O glorificam. Uma vez que temos o entendimento dessas verdades nós não hesitaremos, mas antes diremos como Paulo: “Ai de mim se eu não pregar o evangelho”, ou como João: “Não podemos deixar de falar daquilo que vimos e ouvimos”.

Que o Cordeiro que foi imolado receba toda a recompensa pelo seu sacrifício, amem!

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