Páscoa e Fúria

Páscoa e Fúria

Fúria. O terror paira no ar, todos dentro do barco estão assustados. “Será que a tempestade vai nos engolir? Será esse o nosso fim?”.

O mar está em fúria. Deus ordenou que um homem fosse até uma cidade estrangeira e pregasse para uma nação, mas ele pensou que poderia fugir da presença do Soberano. Foi até o porto, comprou uma passagem para outra cidade, entrou no barco, partiu, se deitou e dormiu. Agora o mar está em fúria por sua rebeldia. Deus está em fúria por sua rebeldia.

Os marujos o acordam. “Jonas, como você pode estar dormindo? Todos nós vamos morrer! Faça alguma coisa!”. O profeta rebelde acorda, se levanta e vê a tempestade. Jonas sabe que ele próprio é a causa dessa fúria, ele sabe o que precisa ser feito. “Peguem-me e joguem-me ao mar, e ele se acalmará. É por minha causa que esta violenta tempestade caiu sobre vocês. Para vocês viverem é necessário que eu morra.”

Jonas é lançado ao mar sedento por justiça, faminto por tragar alguém. A tempestade se acalma, a fúria é apaziguada.

Fúria. O terror paira no ar, todos dentro do barco estão assustados. “Será que a tempestade vai nos engolir? Será esse o nosso fim?”.

O mar está em fúria. Jesus ordenou que junto com seus discípulos eles deveriam entrar no barco e ir até o outro lado da margem do rio. Ele desceu até a popa, se reclinou sobre um travesseiro e adormeceu. E o mar entrou em fúria.

Os marujos profissionais da Galileia estavam acostumados com tempestades, o ar frio do monte Hermom com 2800 metros de altura, constantemente se choca com o ar quente que sobe do mar da Galileia que fica 213 metros abaixo do nível do mar; em consequência disso, caem muitas tempestades naquele local. Mas dessa vez era diferente, não era apenas uma tempestade, o mar estava em fúria.

Os marujos o acordam. “Jesus, como você pode estar dormindo? Não te importas que morramos? Faça alguma coisa!”. Jesus se levanta, e com a autoridade de um pai sobre um filho diz: “Cala-te”. O mar como uma criança obediente se cala, a fúria é apaziguada.

Páscoa é sobre fúria. É sobre um Deus em fúria contra o pecado, ávido por justiça, sedento por tragar pecadores para dentro do seu mar em tempestade. O pecado precisa ser punido, Deus é justo e não deixa o pecado impune.

Mas Páscoa significa passagem, a nossa passagem por esse mar furioso em completa paz até o outro lado da margem. Mas para isso nós precisamos de um Jonas verdadeiro, alguém que se lance nesse mar em nosso lugar, precisamos de Jesus, e Ele disse sobre si: “Eis aqui quem é maior que Jonas”. (Mateus 12:41)

Como Ele pode fazer isso? Ele pode por que quando estava na cruz, se lançou – voluntariamente, assim como Jonas – dentro da maior de todas as tempestades, à mercê das maiores ondas que existem, as ondas do pecado e da morte. Para que nós vivêssemos era necessário que Ele morresse. Jesus se lançou na maior tempestade que existe e a única que pode realmente nos afogar, a tempestade da ira de Deus contra o pecado que cometemos.

Como um cordeiro levado a morte Ele não disse uma palavra. Na tempestade da cruz Ele bebeu do cálice da fúria de Deus até a última gota. E morreu.

Mas Páscoa significa passagem, a passagem desse cordeiro da morte para a vida. Ele não permaneceu morto, Ele ressuscitou. Com isso Ele estava dizendo: “Eu vou acalmar todas as tempestades, acalmar todas as ondas. Vou destruir a destruição e matar a morte. Para que nenhuma gota dessa tempestade te molhe eu mesmo me lancei nela.”

Se a visão de Jesus entrando de cabeça curvada, mudo,  dentro dessa tempestade estiver gravado no seu coração, você jamais dirá “Senhor, não te importas?”. Por que se você sabe que Ele não abandonou você nessa tempestade, o que faria você pensar que ele te abandonaria nas tempestades menores que vêm agora? Mas antes, você vai manter sua esperança viva sabendo que um dia ele voltará e acalmará todas as tempestades por toda eternidade.

Nossa alegria se junta ao povo de Jacó, aos discípulos do Mestre, e a todos que ao longo da história da Redenção estão sendo libertos da fúria. Por causa do Cordeiro.

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